A dívida do Governo do Estado com os municípios na
área de saúde continua aumentando. O atraso já atinge o montante de R$ 134, 4
milhões, relacionado à atenção básica, média e alta complexidade. Os valores se
referem aos anos de 2016 (R$ 31,8 milhões), 2017 (R$ 8,7 milhões) e 2018 (R$
94,5 milhões). A falta do repasse está comprometendo o atendimento nos
municípios e penalizando a população, principalmente os mais carentes que
dependem exclusivamente do sistema público de saúde.
O presidente da Associação Mato-grossense dos
Municípios – AMM, Neurilan Fraga, ressaltou que os atrasos colocam o sistema
público de saúde municipal sob o risco iminente de um colapso. Dessa forma,
enfrentam dificuldades para garantir atendimento digno e de qualidade aos cidadãos.
“É inadmissível que o governo, que diz ser cumpridor das leis e das suas
obrigações, fique devendo uma quantia vultuosa aos municípios, desrespeitando
os prefeitos, sem dar qualquer satisfação sobre os débitos”, disse ele.
Conforme o levantamento realizado pela equipe técnica
da AMM, baseado no relatório da Fiplan, a dívida acumulada do ano de 2016,
referente aos meses de junho a dezembro, chega a um total de R$ 31,8 milhões.
Existem pendências também em 2017 no valor de R$ 8,7 milhões, dívida acumulada
desde o primeiro semestre, referente à atenção básica, média e alta
complexidade. Neurilan frisou que em
2018, o Governo do Estado não repassou nenhum mês aos municípios. Estão
pendentes os valores de janeiro a julho deste ano, num total de R$ 94,5 milhões,
para a atenção básica, farmácia, média e alta complexidade, Samu e Upas.
“Diante deste quadro, os problemas foram aumentando. Em muitos municípios, os
hospitais praticamente fecharam as suas portas, unidades de saúde, ficaram sem
profissionais suficientes, além da falta de médicos, medicamentos,
equipamentos, insumos, entre outras necessidades”, assinalou.
A AMM constantemente está cobrando do governo estadual
a transferência dos recursos, considerando as dificuldades dos municípios. No
ano passado a instituição protocolou ação judicial contra a Secretaria de
Estado de Saúde para assegurar, de imediato, o repasse. A ação destacou que a
secretaria vem reiteradamente atrasando as transferências aos Fundos Municipais
de Saúde. O documento apontou várias consequências, como desabastecimento de
medicamentos, atraso no pagamento da folha dos servidores municipais da saúde,
falhas assistenciais na saúde, impossibilidade de atendimento e encaminhamento
de pacientes, gerando para os municípios multas, juros e correções monetárias
que não estão previstas em seus orçamentos, além da consequente
responsabilização junto ao Tribunal de Contas. “Infelizmente a Justiça não se
sensibilizou com a situação caótica que vivem os cidadãos, que precisam de
atendimento nos 141 municípios, por conta dos atrasos ocorridos durante os 3
anos e meio do atual governo”, alertou.
Fraga lembrou ainda que a AMM apresentou uma proposta
ao Governo do Estado, em 2017, com ações financeiras e de gestão para resolver
os problemas emergenciais de curto e
médio prazo na área de Saúde. A proposta foi apresentada na primeira
reunião realizada pela comissão estadual formada para tratar sobre o tema, com
a participação de prefeitos, deputados e representantes do Governo do Estado.
“Infelizmente a comissão criada pelo próprio governo com o objetivo de
encontrar soluções para a Saúde, não evoluiu. Foi realizada apenas uma reunião,
provocada pela AMM que apresentou a proposta. Dessa forma, os municípios
continuam penalizados com a situação, sem recursos para atender as demandas da
população”, argumentou.