O Ministério Público federal (MPF) determinou a abertura de investigação para apurar o falecimento do cacique da aldeia Aiporé, Kawaintai'i Kayabi, por Covid-19, em decorrência de suposta omissão no atendimento prestado pela Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) do Xingu. A morte foi registrada em dezembro de 2020.
Portaria assinada pelo procurador da República Everton Pereira Aguiar Araújo, nesta segunda-feira (2), solicita relatório circunstanciado sobre a morte no prazo de 30 dias. “Após o cumprimento integral de todas as diligências venham os autos conclusos”.
Conforme informações do Instituto Sócio Ambiental, Kayabi testemunhou o genocídio dos Kawaiwete do rio Teles Pires deflagrado com a invasão de suas terras por seringueiros vindos do Pará e apoiados pelo extinto Serviço de Proteção ao Índio (SPI). Funcionando entre 1910 e 1967, o SPI atuou com trabalho forçado chegando a acorrentar indígenas durante a noite para que não fugissem dos barracões de seringa.
Em junho, o MPF divulgou que 55 mil indígenas foram infectados pela doença e 1094 morreram pela covid-19 no Brasil. Em Mato Grosso, o número de óbitos de indígenas pela doença chegou a 159, afetando 19 povos. No país, 163 povos indígenas foram afetados pela doença. Os dados são da ONG Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).